quinta-feira, maio 27, 2010

Tangram: Um pouco de mim


Tangram é o nome da peça que apresentamos ontem com a Companhia Moments Art no Teatro Antonio Ferrandis em Paterna, Valencia.

Trata-se de um trabalho de dança-teatro em pessoas com algum género de deficiência. Foi um prazer viver esta experiência...




Obrigado Valência...

Fotos: Eva Mañez

domingo, maio 09, 2010

Um momento de Graça



Ontem tive a feliz oportunidade de ver o Grupo Corpo, do Brasil, no Teatro Principal de Valência. A Companhia integra este ano o programa do muito conhecido e apreciado Festival Dansa Valencia.

Bom, tudo para dizer que testemunhei, com encanto, um bonito momento de graça. Sinto-me grato e nutrido.

Convosco deixo uma pequena parte da coreografia Bach. Desfrutem.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Roma

também as pombas
na Piaza de San Pietro
comem melhor


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sábado, fevereiro 06, 2010

Amo-te

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Amo-te.
Sei que amanhã, ou depois, poderás
não estar aqui. E sei que eu poderei
não estar aqui também.
Mas ainda assim amo-te.
É dentro da vulnerabilidade que construo
o amor, como um castelo na areia
que se deixa ser levado pelo mar.
Não te poderia amar se soubesse
que amanhã estarás aqui, que o verde das montanhas
ser-me-á oferecido uma vez mais.
Não. Não te poderia amar se ignorasse que em qualquer
momento o teu abraço pode ser o último
e as palavras que me deixas um adeus.
Amo-te porque sei que não me pertences
e o único laço que nos une é a liberdade.
Amo-te porque não sei o amanhã, porque na minha
vulnerabilidade todas as coisas são possíveis,
nenhuma é ignorada. E assim como a flor renasce
no pólen que cede, também eu renasço contigo
em cada gesto de amor.
Amo-te.

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sexta-feira, janeiro 29, 2010

Cofee with Pina - Lee Yanor

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Preconceito

preconceito:
é a desculpa que desculpa
para continuar a desculpar

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Não é bem assim que está no meu manual de Psicologia Social mas quis dar-lhe um contributo mais filosófico. Bom, é o que faz estar em período de exames...

terça-feira, janeiro 26, 2010

Couve

I

esta couve
alimenta ao mesmo tempo
a larva e a mim

II

a larva e eu
comemos em silêncio
da mesma couve


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sábado, janeiro 23, 2010

Shantala Shivalingappa - Solo

Poucas são as coisas que dispensam palavras...


quarta-feira, janeiro 06, 2010

Haiku

nesta sanita
mesmo a melga no tecto
cai-me bem


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domingo, dezembro 27, 2009

Natal

mais um natal
no meu pai conto
menos um dente


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segunda-feira, dezembro 07, 2009

Pote de sal

o pote de sal:
há dois dias que o vejo
com um caracol


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quarta-feira, outubro 28, 2009

Flores

no te olvides
de hablar con las flores
esta mañana


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domingo, setembro 13, 2009

Borboleta

Só um movimento. Entre todos os objectos que preenchiam a montra, só uma borboleta se mexia. Creio que tentáva sair daquele espaço de luz parca e voar em liberdade. Pareceu-me o mais natural.
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a borboleta
também ela na montra -
a que preço?


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terça-feira, setembro 08, 2009

Um pouco de sensibilidade

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The cost of living - Performance da Companhia DV8 Physical Theatre

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quinta-feira, setembro 03, 2009

Folha Velha

Encontrei uma sombra de àrvores. O sol tem estado forte, um sombra é pois um convite apetecível e indispensável. Recolhi-me junto ao tronco de uma das árvores e reparei que as ruas estavam mais vazias. Em Espanhã é costume aproveitar-se o tempo depois do almoço para fazer uma sesta, o que justificáva as poucas pessoas na rua a esta hora. Mas uma sombra pareceu-me a companhia mais conveniente para este momento, de forma que amigavelmente detive-me nela. Junto a mim tinha algumas folhas caídas, os tons terra e a rugosidade que apresentávam fez-me recordar o livro de Leonard Koren, sobre Wabi Sabi. Olhei atentamente uma folha durante algum tempo e de facto percebi que este final de ciclo continuáva, e continua, a denotar a beleza própria da vida da folha. Depois deixei-me a pensar um pouco sobre o fim das coisas.
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a folha velha -
agora um marcador
no meu livro
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segunda-feira, agosto 31, 2009

Valência I



Esta imagem é um pequeno apontamento da beleza da Plaza de La Virgen, que se situa em pleno Barrio del Carmen, no centro histórico de Valência. Podemos advinhar-lhe o encanto que escapa à fotografia. Caminhar entre estas ruas medievais é uma verdadeira viagem histórica, que se enriquece ainda mais com o costume espanhol de usufruir do espaço público.
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Encontramos em qualquer hora nas ruas pessoas de todas as idades, desde crianças até aos mais velhos, e todos descobrem na calle o seu espaço de lazer. Não há como nos deixarmos perder pelas ruas e ruelas desta cidade encantadora, sentar-nos numa explanada a beber uma horchata bem fresca (bebida típica feita através de um cereal com o nome de chufas) e sentir os aromas mediterrâneos do Meracdo Central.
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Trata-se claro de uma cidade para conhecer pouco a pouco. Acredito que o melhor desta cultura vai sendo encontrado no dia-a-dia e no contacto com uma gente bastante amável e acolhedora.
Deixo aqui um link para quem estiver interessado em conhecer um pouco mais de Valência (em português do Brasil):
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Até à próxima
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sábado, agosto 22, 2009

Viagem

parto em viagem
e nas malas nao cabem
estas searas


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Nota: os "tiles" parecem ser inexistentes nos teclados espanhois!Perdon.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Praia da Granja

Ainda era cedo. Caminhei devagar entre os Plátanos até chegar à praia da Granja. Havia já pessoas na areia enquanto o pouco nevoeiro se dissipava. Sentei-me em frente ao mar, sob as pedras de granito que lhe servem de varanda.
Alegrou-me olhar as pessoas que passavam, talvez porque pressentisse que estavam bem a caminhar. O meu olhar recaiu porém sobre quatro velhos que corriam com um saco na mão à procura de algo. De um lado para o outro, chegaram onde queriam. Sentaram-se lado a lado, a alguns metros do mar. Retiraram depois do saco uma enorme melancia que lhes trouxe algum sossego. Partiram-na em silêncio e comeram.

os quatro velhos
calaram-se de súbito
a comer a melancia


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segunda-feira, agosto 10, 2009

Verdadeiro Espírito




O meu verdadeiro espírito, qual é?
Não te posso dizer.
Vê apenas a neve e o orvalho
das montanhas.

Dogen Zenji (1231-1253)

quarta-feira, agosto 05, 2009

Haiku em viagem

chega a luz
também a esta formiga
no caule da flor


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neste trilho
caminham monges
e gafanhotos


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terça-feira, julho 21, 2009

Um café com Pina Bausch





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quinta-feira, julho 09, 2009

Viagem

em viagem -
alguns versos de Rilke
e uma tangerina


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quarta-feira, julho 01, 2009

Uma luz que ...


A coreógrafa alemã Pina Bausch morreu ontem aos 68 anos (1940-2009).
Bausch é considerada um dos nomes mais importantes da dança contemporânea dos século XX.
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Algumas imagens do trabalho da coreógrafa aqui


sexta-feira, junho 26, 2009

Sankai Juku





Fotografias de Christa Cowrie

ver mais imagens aqui

Sakai Juku: Grupo contemporâneo japonês de dança butoh.

sábado, junho 06, 2009

Dia da criança

Dia 1 de Junho, dia da criança. Bastou um breve passeio entre os jardins e parques da cidade, para perceber a enorme proximidade que existe entre os velhos e as crianças. Os olhares cúmplices e os gestos sorrateiros, dão-lhes uma peculiar inocência que me apraz observar.


dia da criança:
também os velhos
riem sem dentes


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domingo, maio 31, 2009

Haiku infantil

só o girasol
sabe dar à luz -
uma flor


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domingo, maio 24, 2009

Sankai Juko



Sankai Juko: grupo contemporâneo japonês de dança butoh.

imagem: Paul Slaughter

terça-feira, maio 19, 2009

este caminho-
escolhi-o pelo cheiro
das laranjas


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domingo, maio 17, 2009

Kazuo Ohno

terça-feira, maio 12, 2009

Noite de Maio

Caminho devagar, entre uma chuva quase imperceptível e alguns caracóis. Há caracóis em todo o passeio. Grandes, pequenos e mais pequenos. A pouca luz delimita cada um dos meus passos. Está escuro, estou eu e os caracóis.


caminho devagar-
afinal não são todos iguais
os caracóis


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quarta-feira, maio 06, 2009

fim de tarde -
pôe-se o sol
nos meus olhos


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terça-feira, abril 28, 2009

Homenagem a Kazuo Ohno




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domingo, abril 26, 2009

Butho - estudos em dança



Na minha dança eu nunca me preocupei em saber se o que eu criava era ou não era Butoh, só pensava em fazer algo bom. Entretanto, nunca estive satisfeito com a minha dança. Eu danço movido por um sentimento de gratidão. O que me interessa é que o Homem, com este corpo tão pequeno, contém todos os elementos do Universo dentro de si. Para mim, se eu não puder dançar esse homem, se não houver essa forma de dançar, não haverá sentido em dançar.

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Kazuo Ohno (ver uma peça de Kazuo aqui)

quinta-feira, abril 23, 2009

A primeira palavra

É raro, desde há uns tempos para cá, escrever poesia. Houve alturas em que escrevi com regularidade, pautado muitas vezes pela luminosidade ténue da poesia de Eugénio de Andrade.

O processo de criação poética mostrava-se porém doloroso. Procurar as palavras, num ofício de paciência, reinventar emoções, lugares... uma quase arqueologia das palavras e dos sentires.

Escrever desta forma assumia em mim um traço de sofrimento que creio não ser necessário. O haiku, na sua estética simples e de uma brevidade não presunçosa, emergiu então como uma outra perspectiva da escrita, do belo...

"Deixei" a poesia, pelo menos nas características que nos são mais familiares, e investi na microscópica visão do haiku.

Mas ainda me invade por vezes a vontade de escrever poesia. Às vezes resisto, ao sentir qualquer emaranhado de palavras, fecho o caderno e guardo-o de novo na estante. Não quero escrever.

Outras vezes há em que não posso fazer nada e uns versos surgem inevitavelmente nas folhas brancas do meu caderno. O poema que agora partilho surgiu assim... entre a resistência em escrever e uma vontade de fazer poesia. A primeira palavra é então o desafio que recoloco a mim...

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lanço a primeira palavra -

um rumor de searas
a tremer nos dedos.

a primeira palavra -

o peso demasiado leve
demasiado pesado
do húmus da terra.


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domingo, abril 19, 2009

Brinca-Haiku

maresia:
uma tanto de mar
e poesia

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lágrima:
escoar o mar
gota a gota

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quinta-feira, abril 09, 2009

Fluir


aguarela sobre papel . 15x20

domingo, março 01, 2009

na janela

duas gotas de chuva -

em breve uma



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segunda-feira, fevereiro 23, 2009

descanso -

só a minha sombra

é ágil ao vento



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sábado, fevereiro 14, 2009

depois de três dias

imóvel no mesmo sítio -

uma borboleta de plástico



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quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Mosca

neva:

ainda bem conservada

uma mosca morta



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